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MAI 11

Vaginose Bacteriana: Conheça os sintomas, diagnóstico e tratamento!

Postado por Dra. Camila Bonacordi

mulher com vaginose bacteriana e desconforto na região pélvica

A vaginose bacteriana é a principal causa de corrimento vaginal nas mulheres.

Além do desconforto, ela também predispõe a outras infecções obstétricas e ginecológicas.

Desta forma, o seu diagnóstico precoce e tratamento adequado são essenciais.

O objetivo deste artigo é explicar o que é a vaginose bacteriana, como identificá-la, os principais sintomas e os melhores tipos de tratamentos.  

Como é a flora vaginal normal da mulher?

Para entender sobre a vaginose bacteriana, é fundamental conhecer a microbiota ou flora vaginal normal.

A vagina é naturalmente composta por diversos microrganismos que formam a microbiota vaginal. Estas bactérias em equilíbrio auxiliam na proteção vaginal.

Os lactobacilos são as principais bactérias desta região e são responsáveis por manter o pH vaginal baixo, uma forma primordial de proteger este local.

Quando há o desequilíbrio dessas bactérias, podem ocorrer diversas infecções, dentre elas as vaginoses.

O que é a vaginose bacteriana? 

É um tipo de infecção ginecológica causada pelo desequilíbrio da flora vaginal normal da mulher, ou seja, ela não é uma infecção sexualmente transmissível.

Este desequilíbrio promove a redução dos lactobacilos locais e o crescimento de outras bactérias predominantemente anaeróbias, condição que chamamos de vaginose bacteriana.

Embora existam variações entre mulheres, as espécies mais frequentemente encontradas são a Gardnerella vaginalis, Megasphera sp, Atopobium sp, Leptotrichia / Sneathia sp e Mobiluncus spp.

Por que ela ocorre?

Este desequilíbrio da microbiota vaginal pode ser desencadeado por diversas causas: 

  • Novo parceiro sexual;
  • Relação sexual desprotegida (sem preservativo);
  • Tabagismo;
  • Ducha vaginal;
  • Uso de antibióticos;  
  • Uso de drogas imunossupressoras;  
  • Infecções sistêmicas que diminuem a imunidade;  
  • Estresse.

No entanto, esta condição pode ocorrer em mulheres que não apresentam nenhuma dessas causas, por isso a investigação com a médica ginecologista é essencial.

Quais os sintomas da vaginose bacteriana?

Cerca de 50% das mulheres são assintomáticas, ou seja, não apresentam sintomas.

No entanto, quando presentes, os sintomas incluem um corrimento vaginal fluido esbranquiçado ou amarelado, com cheiro forte, associados ou não a ardência no canal vaginal.  

É importante lembrar que a intensidade e a presença destes sintomas é extremamente variável.

Complicações 

A vaginose bacteriana também pode favorecer a ocorrência de diversas condições nas mulheres, tanto na parte ginecológica quanto obstétrica.

Vale ressaltar ainda que este achado foi identificado tanto em mulheres que apresentavam sintomas, quanto nas assintomáticas.

Dentre as principais complicações, destacam-se um maior risco de:

  • Infecção da glândula de Bartholin (bartholinite)
  • Doença inflamatória pélvica aguda (DIPA)
  • Infecções pós operatórias
  • Aumento do risco de abortamento
  • Trabalho de parto prematuro
  • Morbimortalidade de recém nascidos. 

Além disso, torna as células do colo do útero mais vulneráveis à infecção pelo vírus HPV e também aumenta o risco de adquirir infecções sexualmente transmissíveis como HIV, clamídia, gonorreia, tricomoníase e Mycoplasma genitalium. 

vaginose bacteriana antes e depois do tratamento observada pela bacterioscopia

Antes e depois do tratamento da vaginose bacteriana, visualizados pela bacterioscopia. Na imagem da esquerda, verificamos a vaginose bacteriana evidenciada por múltiplos morfotipos de bactérias ao redor das células vaginais. Após o tratamento (imagem da direita), observamos uma célula vaginal com lactobacilos. (Acervo pessoal Dra Camila Bonacordi)

Diagnóstico 

É necessário uma avaliação da história clínica, exame físico e exame complementar.

Quando presentes, os sintomas da paciente podem sugerir o quadro de vaginose bacteriana.

Além disso, no exame especular ginecológico, o médico identifica a presença de um corrimento vaginal. Este corrimento pode apresentar um pH mais elevado (>4,5) e teste das aminas positivo (whiff test).

Entretanto, o diagnóstico de certeza da vaginose é realizado através da bacterioscopia. 

Este exame é realizado a partir da coleta de uma pequena amostra do conteúdo vaginal com auxílio de um swab de algodão, que é colocado em lâmina e analisado microscopicamente pela ginecologista.

A bacterioscopia é fundamental, porque a aparência ou os sintomas dos corrimentos muitas vezes nos enganam, pela semelhança entre as diversas doenças que acometem este local.

Um estudo publicado no Jornal Internacional de Ginecologia e Obstetrícia em 2021, mostrou que a sensibilidade para o diagnóstico da vaginose bacteriana através dos critérios clínicos foi de 22,8 a 41,3%, enquanto na análise microscópica (bacterioscopia) a sensibilidade foi de 82,6% e a especificidade do diagnóstico de 92,4%.

Ou seja, realizarmos tratamentos de corrimentos baseados somente nos sintomas e critérios clínicos irá tratar inadequadamente mais de 50% das mulheres.

Este dado corrobora a importância da bacterioscopia no tratamento de diversos corrimentos, como a vaginose bacteriana. 

Como tratar a vaginose bacteriana?

O tratamento é realizado através de antibióticos.

Existem diversos tipos de antibióticos para tratar essa condição, no entanto, os mais utilizados são os da classe dos imidazólicos.

O tratamento pode ser feito por comprimido via oral ou creme vaginal. Dentre os cremes, os principais são a clindamicina e o metronidazol.

Vale ressaltar que, a reavaliação da paciente com a coleta de nova bacterioscopia após o término do tratamento é muito importante, principalmente nos casos de corrimentos de repetição.

Isso porque algumas vezes, mesmo com o tratamento adequado, o desequilíbrio das bactérias ainda pode continuar ali, sendo necessário um tratamento complementar. 

Onde tratar vaginose?

Realizo a investigação e o tratamento desta condição no meu consultório.

Ele fica localizado no Jardim Paulista em São Paulo, próximo aos bairros: Jardins, Bela Vista, Pinheiros, Higienópolis e Liberdade.

Para entrar em contato, clique aqui ou no símbolo do WhatsApp ao lado.

Conclusão

Neste artigo explicamos o que é a vaginose bacteriana, seus principais sintomas, diagnóstico e tipos de tratamento.

Ela é uma condição que deve ser investigada e tratada adequadamente, pois, apesar de frequente, pode ser confundida com outros tipos de corrimentos vaginais e predispor a outras infecções ginecológicas. 

Espero que vocês tenham gostado do artigo!

Um beijo!

Referências

1. Vaginites e Vaginoses. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), 2018.

2. Diagnosis of bacterial vaginosis: Clinical or microscopic? A cross-sectional study. Int J Gynecol Obstet., 2021.

3. Bacterial vaginosis and its association with infertility, endometritis, and pelvic inflammatory disease. American journal of obstetrics and gynecology, 2021. 

4. Vaginal dysbiosis and the risk of human papillomavirus and cervical cancer: systematic review and meta-analysis. American journal of obstetrics and gynecology, 2019. 

5. Sexually Transmitted Infections Treatment Guidelines. CDC (Centers for Disease Control and Prevention), 2021.

 

Perguntas frequentes

Como prevenir a vaginose bacteriana? 

Ter relações sexuais com preservativo, boa prática de higiene íntima, não realizar duchas vaginais, evitar o tabagismo e manter uma boa imunidade são as principais formas de prevenir esta condição. 

O que é bom para curar corrimento com mau cheiro?

Para tratar os corrimentos, é essencial procurar uma médica ginecologista, explicar os sintomas, realizar um exame físico e especular com coleta do corrimento e análise microscópica (bacterioscopia).

A bacterioscopia identifica a causa deste corrimento com odor e os melhores tipos de tratamentos (pomadas, antibióticos), entre outros.


Artigo criado em 11/05/2024 por Dra Camila Bonacordi.

IMPORTANTE: Somente médicos devidamente habilitados podem diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios. Agende uma consulta para maiores informações.


Texto escrito por:

Dra. Camila Bonacordi
Médica Ginecologista
Especialista em Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva
CRM: 175203 – SP
RQE: 86605
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8912441366082514

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