Postado por Dra. Camila Bonacordi
É muito frequente a queixa de ressecamento nas partes íntimas, principalmente após a menopausa.
Mas o que fazer?
Este assunto ainda é um tabu para muitas mulheres, e isso leva a diversos tratamentos inadequados, automedicação e até mesmo sequelas físicas e psicológicas associadas a esse quadro.
O objetivo deste artigo é explicar o que fazer caso você apresente ressecamento nas partes íntimas, assim como seus sintomas, diagnóstico e tratamento.
É a redução da lubrificação natural, ou seja, da lubrificação vaginal.
É um sintoma comum em mulheres após a menopausa, com a diminuição da produção dos hormônios femininos, mas também pode ocorrer em mulheres jovens.
O ressecamento íntimo é causado principalmente pela redução dos hormônios femininos, que atuam nas células locais e produzem o conteúdo vaginal fisiológico.
É mais prevalente em mulheres após a menopausa.
Um estudo publicado pela Climacteric em 2021, concluiu que 56% das mulheres brasileiras na pós-menopausa relatavam sintomas de ressecamento vaginal, descrevendo-os como moderados a graves em 76% dos casos.
Além disso, 75% das mulheres desse estudo não sabiam que essa é uma condição crônica tratável.
Isso reforça a importância em educarmos as mulheres antes mesmo da menopausa sobre esse tema e os possíveis tratamentos.
Nas mulheres mais jovens, a secura vaginal ocorre principalmente no período pós parto, durante a amamentação.
Pode ocorrer também após o uso de algumas medicações antiestrogênicas, como os medicamentos utilizados para o tratamento do câncer de mama.
Além disso, o ressecamento nas partes íntimas também pode ocorrer em outras situações, como:
É válido lembrar que a sensação de vagina ressecada também pode ocorrer por falta de estímulo prévio a relação e secundário a problemas psicológicos.
Dentre os sintomas do ressecamento nas partes íntimas, além da sensação de secura vaginal, destacam-se:
Desta forma, caso você apresente estes sintomas é fundamental procurar um profissional para uma avaliação e tratamento adequados.
O diagnóstico de vagina ressecada é realizado pela médica ginecologista, sendo composto pela história clínica da paciente e sinais encontrados no exame físico e especular.
Através do exame físico, é possível identificar mudanças na mucosa vaginal, como: redução da umidade local, redução da rugosidade e das pregas vaginais, alteração na coloração com a presença de palidez e mucosa mais fina e friável.
Podemos encontrar ainda pequenas fissuras ou sufusões hemorrágicas secundárias ao ressecamento.
Não é necessário nenhum exame de sangue ou exame de imagem para o diagnóstico do ressecamento nas partes íntimas.
Não se preocupe. Esta é uma alteração que acomete milhares de mulheres ao redor do mundo e apresenta múltiplas causas.
O ideal é sempre procurar uma médica ginecologista para uma avaliação completa e para conhecer os diversos tipos de tratamentos disponíveis.
O tratamento do ressecamento vaginal deve-se basear na causa do ressecamento. Isto porque se focar apenas no alívio dos sintomas, o problema não será resolvido completamente.
Ou seja, é fundamental que a mulher que apresente o ressecamento nas partes íntimas procure uma avaliação com ginecologista, para um tratamento individualizado.
No entanto, a seguir, vou explicar de um modo geral os tipos de tratamento existentes.
O uso de cremes, também chamados de “pomada para ressecamento na menopausa” são a primeira linha de tratamento.
Eles restauram a mucosa vaginal, promovendo uma renovação celular após 3 a 12 semanas do uso.
Encontram-se disponível na forma de cremes ou óvulos vaginais.
Eles devem ser usados de forma contínua, seguindo a recomendação da sua ginecologista. Geralmente iniciamos o uso com maior frequência durante a semana e, ao longo do tempo, o uso é espaçado para 1 a 2 vezes por semana.
O laser vaginal é a aplicação de calor na região íntima com a finalidade de estimular a regeneração celular, restaurando a flora e aumentando a lubrificação local.
Ele tem diversas indicações, podendo também auxiliar no rejuvenescimento íntimo e no tratamento da perda urinária aos grandes esforços.
A sua vantagem sobre o uso do creme com estrogênio é que apresenta resultados mais rápidos e não necessita de uso contínuo.
Geralmente são recomendadas 2 a 3 sessões a cada 30 dias. O tratamento em feito novamente após 1 a 2 anos, a depender de cada caso.
Já fiz um vídeo explicando um pouquinho sobre o laser íntimo vou deixar o link aqui para vocês.
São compostos livres de hormônios feitos à base de ácido poliacrílico ou ácido hialurônico. Aumentam o transporte de água e eletrólitos para o interior do canal vaginal, formando um biofilme capaz de reter água por 2 a 3 dias.
Promovem um rápido alívio dos sintomas e podem ainda auxiliar na manutenção da flora vaginal.
O hidratante tem ação durante 3 dias, por isso devem ser usados de forma contínua, geralmente 2 vezes por semana.
São usados apenas como lubrificante durante a relação, a fim de reduzir a fricção, não tendo uma ação de restauração da mucosa.
Eles podem ser feitos da base de água, óleo ou silicone e devem ser aplicados antes e durante a relação sexual.
É recomendado, preferencialmente, o uso dos lubrificantes à base de água ou silicone.
Isso porque, eles têm menor risco de causar alergia local e também não interferem com o preservativo.
Outras alternativas de tratamento vêm sendo estudadas atualmente como a fisioterapia do assoalho pélvico, o uso de dilatadores, a DHEA (prasterona) e o ospefimeno.
Realizo a investigação e o tratamento do ressecamento nas partes íntimas no meu consultório.
Ele fica localizado no Jardim Paulista em São Paulo, próximo aos bairros: Jardins, Bela Vista, Pinheiros, Higienópolis e Liberdade.
Para entrar em contato clique aqui ou no símbolo de WhatsApp ao lado.
Sim. A adoção de hábitos de vida saudáveis pode prevenir diversas causas do ressecamento, excluindo-se os casos relacionados a queda da produção hormonal.
Dentre estes hábitos, destacam-se:
Neste artigo, explicamos o que é o ressecamento nas partes íntimas, sintomas, diagnóstico e os diversos tipos de tratamentos.
Este é um sintoma extremamente incômodo que deve sempre ser investigado e tratado com sua médica ginecologista!
Espero que vocês tenham gostado! Um beijo!
1) Vaginal Health: Insights, Views & Attitudes survey in Latin America (VIVA-LATAM): focus on Brazil. Climacteric, 2021.
2) Management of postmenopausal vulvovaginal atrophy: recommendations of the International Society for the Study of Vulvovaginal Disease. Ginecol Endocrinol, 2021.
3) Sustainability of vaginal estrogens for genitourinary syndrome of menopause - a systematic review. Climacteric, 2021.
Não. Até o momento, nenhuma evidência científica sobre os efeitos de substâncias naturais para o tratamento do ressecamento vaginal foi identificada.
É muito comum atendermos mulheres fazendo diversos tratamentos por conta própria, sem comprovação científica e sem orientação médica, o que pode gerar complicações.
O ideal é sempre passar por uma avaliação com uma médica para a realização de tratamentos adequados.
Procure uma médica ginecologista.
Ela irá realizar uma avaliação e oferecerá o tratamento mais adequado, seja com cremes, óvulos, hidratantes, lubrificantes, laser vaginal ou outras alternativas.
Artigo criado em 06/03/2023 e atualizado em 10/11/2023 por Dra Camila Bonacordi.
IMPORTANTE: Somente médicos devidamente habilitados podem diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios. Agende uma consulta para maiores informações.
Texto escrito por:
Dra. Camila Bonacordi
Médica Ginecologista
Especialista em Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva
CRM: 175203 – SP
RQE: 86605
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8912441366082514
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