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MAI 21

Pólipo endometrial é grave?

Postado por Dra. Camila Bonacordi

foto ilustrando um útero com um pólipo em seu interior

Introdução 

Os pólipo endometriais são frequentemente encontrados ao acaso em exames de ultrassom de rotina, gerando grande preocupação nas mulheres. 

Mas afinal, o pólipo uterino é grave?

A resposta é depende. 

O objetivo do artigo de hoje é explicar tudo sobre os pólipos endometriais: o que são, quais sintomas provocam, como é feito o diagnóstico e o tratamento. Vamos lá? 

O que é o pólipo endometrial? 

Os pólipos uterinos são estruturas amolecidas e vascularizadas, formadas pelo crescimento excessivo das células glandulares do útero. 

São chamados pólipos endometriais quando encontram-se no interior do útero e pólipos endocervicais, quando se desenvolvem no colo uterino. 

Podem ocorrer em mulheres em idade reprodutiva e após a menopausa. 

Quanto ao tamanho, podem ser pequenos com alguns milímetros, ou até mesmo atingir vários centímetros. 

Por que os pólipos se formam? 

A causa ainda não está totalmente esclarecida, mas sabe-se que alguns fatores genéticos predispõem o surgimento dos pólipos, além de fatores hormonais, principalmente quando relacionados ao aumento do estrogênio. 

Alguns fatores de risco são: 

  • Sobrepeso ou obesidade; 
  • Menopausa ou perimenopausa; 
  • Hipertensão arterial; 
  • Síndrome dos ovários policísticos; 
  • Uso de tamixofeno (utilizado para o tratamento do câncer de mama). 

Pólipo endometrial pode virar câncer? 

Os pólipos uterinos são benignos, no entanto, há um risco de sofrerem malignização em 3 a 4 % dos casos. 

De acordo com uma revisão sistemática, que incluiu mais de 35 mil mulheres, o risco de malignização dos pólipos uterinos é maior para as mulheres após a menopausa e sintomáticas. 

Desta forma, todos os pólipos devem ser investigados por uma médica ginecologista e após retirados, devem ser enviados para a biópsia. 

Como é feito o diagnóstico? 

Os pólipos uterinos geralmente são diagnosticados através de exames de imagem do útero, principalmente através do ultrassom transvaginal. 

Outros exames de imagem também podem identificá-los, como por exemplo, a ressonância magnética da pelve, a histerossonografia e a histerossalpingografia. 

No entanto, o diagnóstico de certeza - padrão ouro - é através da histeroscopia diagnóstica. 

A histeroscopia é um exame em que inserimos uma câmera de 2 a 4mm no interior da vagina e útero, possibilitando a visualização de toda a cavidade endometrial e permitindo a realização de pequenas biópsias. 

Quais os sintomas? 

Na maioria das vezes, os pólipos são assintomáticos, ou seja, não causam sintomas, sendo descobertos acidentalmente em exames de rotina. 

Quando presentes, os sintomas são: 

  • Aumento do fluxo menstrual; 
  • Sangramento após a relação sexual ou até mesmo entre as menstruações; 
  • Sangramento após a menopausa; 
  • Intensificação das cólicas menstruais; 
  • Dificuldade para engravidar: a presença do pólipo na cavidade endometrial dificulta a implantação do embrião. 

É importante ressaltar que esses sinais e sintomas são compartilhados com outras patologias, sendo fundamental a investigação e diagnósticos diferenciais com o pólipo endometrial. 

Qual o tratamento dos pólipos uterinos? 

Na maioria dos casos, os pólipos uterinos são retirados por meio da histeroscopia cirúrgica

A cirurgia é indicada para: 

  • mulheres com infertilidade (dificuldade para engravidar)
  • mulheres com sintomas: aumento do fluxo menstrual, cólicas menstruais, etc
  • mulheres após a menopausa assintomáticas, mas que apresentem fatores de risco (como obesidade, hipertensão, diabetes ou em uso de tamoxifeno)
  • pólipos grandes (geralmente maiores que 1,5cm)

No entanto, mulheres com pólipos menores que 1cm e assintomáticas, com estenose cervical severa ou com risco cirúrgico elevado, podem ser acompanhadas com exames de imagem. 

O acompanhamento médico é fundamental para o tratamento individualizado! 

Como retirar o pólipo endometrial? 

O método padrão ouro para a retirada do pólipo é através da histeroscopia. 

Essa técnica consiste na introdução de um aparelho de fino calibre com uma câmera acoplada dentro da cavidade do útero, associado a inserção de soro fisiológico para distensão da cavidade uterina. 

Uma vez inserido, esse aparelho permite a ressecção do pólipo em alguns fragmentos e sua retirada completa. 

Geralmente este é um procedimento realizado no centro cirúrgico, sob efeito de anestesia, no entanto, casos de pólipos pequenos, podem ser retirados em laboratório com auxílio de uma pequena tesoura e pinça. 

Fiz um vídeo com a retirada de um pólipo endometrial no meu canal no YouTube, vou deixar o link para vocês assistirem. 

Conclusão

Neste artigo, vimos que os pólipos endometriais são patologias benignas que surgem no interior do útero. 

Grande parte deles são assintomáticos, mas podem estar associados a irregularidade menstrual, aumento do fluxo e cólicas menstruais, dificuldade para engravidar e sangramento após a menopausa. 

Seu tratamento, na maioria dos casos, é cirúrgico, consistindo na retirada do pólipo por histeroscopia cirúrgica, uma técnica minimamente invasiva, em que não são necessários cortes no abdome e que permitem uma rápida recuperação pós operatória. 

Espero que tenham gostado! 

Um beijo

 

Dúvidas frequentes:

1) Pólipo endometrial engorda? 

Não. Os pólipos endometriais não engordam. Eles são pequenas estruturas amolecidas localizadas no útero e que normalmente possuem um peso irrelevante. 

2) Pólipo endometrial causa dor nas costas? 

Não. Na maior parte dos casos, ele não causa sintomas. Quando presentes, os principais sintomas são aumento do fluxo menstrual, sangramento vaginal após a menopausa e infertilidade. 

 

Bibliografia: 

1) Pólipo Uterino - Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia - Febrasgo, 2020. 

2) Pubmed - Artigo: The malignant potencial of endometrial polyps, 2004.

3) Pubmed - Revisão Sistemática: The risk of malignancy in uterine polyps: A systematic review and meta-analysis, 2019. 

 

Artigo criado em 20/03/2023 e atualizado em 01/06/2023 por Dra Camila Bonacordi (CRMSP: 175203) 

IMPORTANTE: Somente médicos devidamente habilitados podem diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios. Agende uma consulta para maiores informações.


Texto escrito por:

Dra. Camila Bonacordi
Médica Ginecologista
Especialista em Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva
CRM: 175203 – SP
RQE: 86605
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8912441366082514

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