Pre-loader
MAR 22

Istmocele uterina: O que é? Como tratar? | Dra Camila Bonacordi

Postado por Dra. Camila Bonacordi

istmocele-uterina

A istmocele é uma alteração no útero que preocupa muitas mulheres.

Ela pode gerar sintomas e dificuldade para engravidar, devendo ser investigada.

O objetivo deste artigo é explicar o que é a istmocele uterina, seus principais sintomas, diagnóstico e tratamento.

O que é a istmocele no útero?

É um defeito na parede anterior do miométrio (camada muscular do útero) na sua porção mais baixa, na transição entre o corpo e o colo do útero, chamada istmo.

Forma-se no local em que houve previamente a incisão do parto cesárea (histerotomia), apresentando extensões que variam entre os graus I, II e III.

A sua incidência vem crescendo significativamente devido ao aumento desta via de parto nos últimos anos.

Esta alteração pode ser um achado de exame, mas deve sempre ser avaliada por um especialista, caso provoque sintomas ou haja desejo reprodutivo.

istmocele-uterina

A istmocele uterina é uma irregularidade da parede anterior do útero (área destacada na foto).

Causas

A causa ainda é desconhecida.

Acredita-se que ela se desenvolva devido a uma cicatrização anormal ou incompleta, após uma incisão realizada neste local.

A formação dessa cicatriz fibrosa causa a falha de musculatura uterina na parede anterior do útero e isso leva a istmocele.

Sintomas

Na maioria dos casos, a istmocele não causa sintomas.

No entanto, quando presentes, os principais são:

  • Sangramento uterino anormal;
  • Sangramento pós menstrual ou escapes;
  • Desconforto durante a relação;
  • Dor pélvica crônica;
  • Infertilidade secundária.

Isso porque neste local de falha da musculatura uterina, pode ocorrer o acúmulo de muco e sangue, levando a inflamação local, que predispõe aos sintomas acima relatados.

Consequências para a gravidez

Além da infertilidade, a istmocele também pode aumentar o risco de desenvolvimento de diversas complicações obstétricas e ginecológicas, como:

  • Placenta prévia (implantação da placenta na porção inferior do útero);
  • Placenta acreta (infiltração da placenta no miométrio);
  • Rotura uterina;
  • Gestação ectópica na região da cicatriz;

Vale ressaltar que a istmocele também aumenta o risco de complicações em procedimentos ginecológicos endometriais como a inserção de DIU, dilatação do colo, curetagem, entre outros.

Diagnóstico

Os sintomas podem levar a suspeita, mas o diagnóstico da istmocele é feito a partir de exames de imagem:

  • Ultrassom transvaginal;
  • Ressonância magnética da pelve;
  • Histeroscopia;
  • Histerossonografia

Cada exame fornece informações complementares para o diagnóstico adequado e devem ser realizados por profissionais especialistas na área.

Ultrassonografia transvaginal

O ultrassom costuma ser o primeiro exame a ser realizado.

Ele consegue identificar a istmocele como uma estrutura triangular anecoica, a pelo menos 2mm de distância da cicatriz de cesárea prévia.

Permite a sua classificação em Grau I, II ou III, a depender do cálculo da área do triângulo visto ao ultrassom.

Ressonância magnética

A ressonância também é um exame importante para o diagnóstico.

Ela permite medir a espessura do miométrio residual com maior precisão e auxilia a definir a melhor via cirúrgica, quando o tratamento cirúrgico é necessário.

Histeroscopia diagnóstica

A histeroscopia diagnóstica possibilita a visualização do útero por dentro e também classifica a istmocele em diferentes graus.

Além disso, a histeroscopia cirúrgica é um tipo de abordagem escolhida em alguns casos para a correção desse defeito.

Histerossonografia

A histerossonografia é um exame de ultrassom realizado com a infusão de soro fisiológico.

Isto permite a distensão da cavidade endometrial, a visualização e a mensuração desta alteração ao exame de ultrassom.

Tratamentos

O tratamento da istmocele é dividido em conservador, medicamentoso e cirúrgico.

A escolha do tipo de tratamento varia de acordo com as particularidades de cada mulher.

Conservador

O tratamento conservador consiste apenas no acompanhamento.

Este é a conduta de escolha para as mulheres que não tem sintomas e não desejam engravidar.

No entanto, é fundamental realizar o acompanhamento de rotina com a médica ginecologista.

O aparecimento de sintomas pode mudar a conduta proposta para esta paciente.

Medicamentoso

O uso de anticoncepcionais é uma opção para mulheres com sangramento irregular sem desejo reprodutivo.

É importante lembrar que este tratamento visa controlar o sangramento menstrual e as cólicas, porém não é capaz de involuir a istmocele presente.

Como é feita a cirurgia de istmocele?

A cirurgia é o tratamento de escolha para mulheres que apresentam sintomas e desejam engravidar.

Este tipo de tratamento é normalmente indicado quando os riscos obstétricos são maiores que os riscos cirúrgicos.

Ela visa ressecar a área de cicatrização inadequada e realizar a sua reconstrução.

Pode ser feita através da histeroscopia cirúrgica, videolaparoscópica ou robótica.

Esta avaliação é feita individualmente com seu médico ginecologista especializado.

De acordo com uma revisão sistemática publicada no Archives of Gynecology and Obstetrics, a correção cirúrgica pode melhorar o sangramento em aproximadamente 80% das mulheres.

Histeroscopia cirúrgica

A cirurgia endoscópica através da histeroscopia é um método minimamente invasivo em que não há incisões ou cortes no abdome.

Todo o procedimento é realizado por dentro do útero, através de um dispositivo acoplado a uma alça de ressecção e uma microcâmera.

Ela é indicada para istmoceles com miométrio residual maior de 3mm.

Este procedimento é realizado em centro cirúrgico sob sedação, não deixa cicatriz e permite uma recuperação mais rápida no pós operatório.

Videolaparoscopia ou robótica

A correção de istmocele através da cirurgia minimamente invasiva (videolaparoscopia ou robótica) é uma ótima opção, sendo realizada com pequenas incisões no abdome.

Ela é indicada quando o miométrio residual se encontra extremamente fino, ou seja, menor que 3mm.

Isso porque, quando o miométrio residual é fino, há maior risco de perfuração uterina e lesão de órgãos adjacentes durante a histeroscopia cirúrgica.

Sendo assim, a histeroscopia não é recomendada para estes casos.

Apesar das pequenas incisões abdominais, a videolaparoscopia e a cirurgia robótica são técnicas minimamente invasivas e permitem uma abordagem delicada e precisa.

Dessa forma, também ocorre um rápido retorno às atividades habituais, assim como um menor desconforto quando comparado a cirurgias abertas.

Onde tratar a istmocele?

Realizo a investigação e o tratamento desta condição no meu consultório.

Ele fica localizado no Jardim Paulista em São Paulo, próximo aos bairros: Jardins, Bela Vista, Pinheiros, Higienópolis e Liberdade.

Para entrar em contato, clique aqui ou no símbolo de WhatsApp ao lado.

Conclusão

Neste artigo explicamos o que é a istmocele uterina, seus principais sintomas, diagnóstico e tratamento.

Esta é uma alteração cada vez mais frequente no útero que deve sempre ser investigada.

Espero que vocês tenham gostado do artigo!

Um beijo!

Referências

1) Isthmocele: an overview of diagnosis and treatment. Revista da Associacao Medica Brasileira, 1992.

2) From hysteroscopy to laparoendoscopic surgery: what is the best surgical approach for symptomatic isthmocele? A systematic review and meta-analysis. Archives of gynecology and obstetrics, 2020.

3) Optimal Isthmocele Management: Hysteroscopic, Laparoscopic, or Combination. Journal of minimally invasive gynecology, 2021.

 

Perguntas frequentes

Quem tem istmocele pode engravidar?

Sim. A maioria das mulheres não apresentarão sintomas ou dificuldades para engravidar.

No entanto, uma parcela das mulheres apresentará dor pélvica, sangramento aumentado, desconforto na menstruação e infertilidade.

Nestes casos, geralmente indicamos a correção cirúrgica da istmocele.

Como tratar a istmocele?

O tratamento pode ser feito através do uso de anticoncepcionais, histeroscopia cirúrgica e cirurgia videolaparoscópica ou robótica.

Os anticoncepcionais tratam somente os sintomas, sem retirar a istmocele.

Já os tratamentos cirúrgicos, seja por histeroscopia, videolaparoscopia ou robótica, retiram a istmocele e reconstroem o útero.

 Artigo criado em 22/03/2024 por Dra Camila Bonacordi 

IMPORTANTE: Somente médicos devidamente habilitados podem diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios. Agende uma consulta para maiores informações.


Texto escrito por:

Dra. Camila Bonacordi
Médica Ginecologista
Especialista em Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva
CRM: 175203 – SP
RQE: 86605
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8912441366082514

Artigos

VoltarVoltar