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JAN 21

10 causas de coceira na vagina e como tratá-las | Dra Camila Bonacordi

Postado por Dra. Camila Bonacordi

foto mostrando uma mão em posição de coçar, próximo a área íntima feminina

A coceira na região íntima é um sintoma frequente e intenso que pode acometer mulheres de todas as idades.

Apresenta múltiplas causas, sendo fundamental a sua investigação e tratamento adequado. 

O objetivo deste artigo é explicar sobre as dez causas de coceira na vagina e como tratá-las.

O que é a coceira na vagina?

A coceira na região íntima é um sintoma comum, que gera muito desconforto nas mulheres.

Pode ocorrer somente na região externa (vulva), como também na região interna (canal vaginal).

Ela normalmente é desencadeada por uma irritação local.

Essa irritação gera uma resposta imunológica que libera uma série de substâncias, entre elas a histamina, responsável pelo aumento da vermelhidão e coceira local.

Pode ser acompanhada de outros sintomas, como:

10 causas de coceira na vagina

Vulvovaginites

A coceira na vagina pode ser causada por diversos tipos de vulvovaginites, popularmente chamadas de “corrimentos vaginais”.

Abaixo explicaremos as principais delas.

Candidíase

É uma doença causada pela proliferação em excesso do fungo Candida sp, que habita normalmente a vagina da mulher.

Os sintomas da candidíase são:

  • Corrimento esbranquiçado denso, em grumos, tipo “nata de leite” ou “leite coalhado”;

  • Sem odor;

  • Coceira na vagina e ao redor;

  • Vermelhidão e inchaço vulvovaginal.

O diagnóstico é realizado por meio da história clínica, exame físico, exame especular, além da análise microscópica do corrimento (bacterioscopia).

O tratamento é realizado com cremes tópicos ou antifúngicos orais.

Vaginose Citolítica

É uma patologia causada pelo excesso de lactobacilos na região íntima feminina.

Estes lactobacilos são as principais bactérias da flora vaginal normal.

No entanto, quando em grande quantidade, eles diminuem o pH local e aumentam a acidez vaginal, o que provoca a ruptura das células. 

Os sintomas são comumente confundidos com a candidíase vulvovaginal, sendo os principais: 

  • Prurido intenso com ardor e queimação local;

  • Dor na relação sexual;

  • Dor para urinar;

  • Piora dos sintomas antes da menstruação;

  • Vermelhidão da vulva e vagina;

  • Corrimento vaginal esbranquiçado ou amarelado.

O diagnóstico é feito pela bacterioscopia vaginal. Este exame é fundamental para distinguir a vaginose citolítica da candidíase. 

O tratamento é realizado com óvulos vaginais que visam o aumento parcial do pH, a fim de restaurar o equilíbrio vaginal e reduzir o número de lactobacilos.

Vaginose Bacteriana

Esta doença é causada pela proliferação em excesso de diversas bactérias que habitam naturalmente a vagina da mulher, sendo as principais Gardnerella vaginalis e Mobiluncus sp.

Os sintomas da vaginose são:

  • Corrimento amarelado, esbranquiçado ou acinzentado;

  • Corrimento mais fluido, de aspecto bolhoso e cheiro forte (“corrimento com cheiro de peixe”);

  • Sintomas que pioram na menstruação ou após a relação sexual;

  • Coceira na região íntima.

O diagnóstico e a diferenciação desta doença para outras é realizado através da história clínica, exame físico e especular e pela bacterioscopia do conteúdo vaginal.

O tratamento é realizado com cremes tópicos ou antibióticos via oral.

Tricomoníase

Esta é uma infecção sexualmente transmissível, causada por um protozoário chamado Trichomonas vaginalis.

Ele coloniza o trato urogenital inferior de homens e mulheres (vagina, ectocérvice, uretra, próstata, glândulas vestibulares) e é transmitido pelo contato com fluidos (sêmen e conteúdo vaginal).

Os principais sintomas da tricomoníase são:

  • Corrimento amarelo ou amarelo-esverdeado;

  • Corrimento fluido, com ou sem odor forte;

  • Coceira na vagina;

  • Intensa vermelhidão da vagina e do colo do útero;

  • Ardência e dor na relação sexual.

O diagnóstico pode ser realizado por meio da análise do corrimento por microscópio.

No entanto, o diagnóstico padrão ouro é feito pela técnica de PCR da urina ou conteúdo vaginal. 

É essencial o tratamento da parceria sexual, além da investigação de outras infecções sexualmente transmissíveis (cervicites, sífilis, HIV, hepatite B e C).

O tratamento do casal é feito com antibióticos via oral.

coceira-na-vagina

A coceira na vagina pode ser causada por diversas infecções ginecológicas, como a Tricomoníase.

Cuidados íntimos

Higiene inadequada

A região íntima produz um conteúdo vaginal diário, além de ter contato próximo com resíduos: células mortas, oleosidade, sangue menstrual, esperma, restos de urina e fezes. 

Dessa forma, a higiene dessa região é fundamental para remover o excesso destes resíduos e promover conforto, bem-estar e prevenir infecções genitais.  

Idealmente, a região íntima deve ser higienizada com água e sabonete pelo menos uma vez ao dia.

É preferível o uso de sabonetes líquidos íntimos com pH ácido, detergência leve, sem cor ou fragrância. 

Vale ressaltar que a limpeza desse local também deve ser minuciosa, para que todas as dobrinhas sejam corretamente higienizadas.

Isso porque, as pregas da vulva predispõem o acúmulo de resíduos, que podem levar ao mau cheiro e a coceira local. 

No entanto, o excesso de higiene e o uso de sabonetes inadequados (pH alcalino e com alta detergência) também podem provocar prurido.

Isso ocorre pois eles podem remover a camada lipídica protetora e causar o ressecamento da pele.

Depilação íntima

A depilação na região íntima também pode ser a responsável por este sintoma, independente da técnica utilizada - cera, lâmina, creme depilatório, máquinas elétricas ou laser. 

Isso ocorre por diversos motivos, como: pele mais fina e sensível nesta região, ressecamento local, fricção intensa para a depilação (como cera ou lâminas com corte já desgastado), obstrução do folículo piloso, entre outros. 

A recomendação é sempre hidratar bem a pele da região íntima, pois a pele hidratada tende a irritar menos.

Além disso, é essencial usar creme ou espuma de barbear antes de usar a lâmina para depilação. Assim como remover toda a cera ou creme após o procedimento.

Para aliviar os sintomas da coceira após a depilação, orienta-se:

  • Compressas frias locais;

  • Uso de roupas leves e pouco apertadas;

  • Hidratantes à base de aloe vera ou camomila (propriedades calmantes);

  • Evitar uso de produtos perfumados ou com álcool;

  • Evitar coçar, pois isso pode gerar pequenas lesões na pele e predispor a infecções;

Alterações dermatológicas

Líquen escleroso

Esta é uma doença inflamatória crônica benigna que acomete a pele da região da anogenital.

Causa sintomas como prurido, irritação local com ardência, dor ao urinar e na relação sexual, desconforto genital, além do clareamento e atrofia dos grandes, pequenos lábios e do clitóris.

Acomete mais mulheres após a menopausa e o diagnóstico é realizado através da história e exame físico, sendo complementada em alguns casos com a biópsia da lesão.

O tratamento inclui o uso de corticoides tópicos, hidratação vulvar e laser íntimo.

Dermatite de contato

A dermatite de contato é uma doença da pele.

É considerada um tipo de “alergia”, em que ocorre um processo inflamatório local decorrente do contato com certos alérgenos.

Perfumes, loções, óleos, preservativos, piercings, produtos cosméticos, roupas íntimas, absorventes podem ser a causa desta reação.

Ela se manifesta como uma vermelhidão, coceira e desconforto na região vulvar.

O diagnóstico é feito com base na história clínica e exame físico.

O tratamento é realizado com a identificação e remoção deste alérgeno, assim como a realização de compressas frias, uso de anti-histamínicos ou corticoterapia tópica.  

Síndrome genitourinária da menopausa

Os hormônios femininos são responsáveis por manter o epitélio vaginal saudável. 

A menopausa leva a diminuição da produção desses hormônios, tornando a mucosa vaginal mais fina e frágil, o que chamamos de síndrome genitourinária da menopausa.

Além de ficar mais fina, a mucosa torna-se mais seca, o que provoca sintomas como a coceira e a dor na relação sexual. 

De acordo um estudo científico publicado na revista Journal of Sexual Medicine, 77% das mulheres após a menopausa com síndrome genitourinária apresentavam coceira vaginal

O tratamento é feito com o uso de cremes hormonais tópicos e o laser vaginal. 

Outras infecções 

Uretrites

As uretrites podem ser responsáveis pela coceira, principalmente no canal da urina, porém é comumente confundida com a coceira na vagina.

Ela é causada por infecções gonocócicas ou não.

Pode manifestar-se com:

  • Dor para urinar;

  • Corrimentos uretrais;

  • Sensação esvaziamento vesical incompleto;

  • Coceira na região íntima.

O diagnóstico é realizado pela ginecologista através do exame físico, especular, exame de urina e investigação de infecções sexualmente transmissíveis.

O tratamento é realizado com antibióticos orais.

Em caso de infecções sexualmente transmissíveis, é recomendado o tratamento do parceiro (a).

Onde tratar a coceira íntima?

Realizo a investigação da coceira na região íntima no meu consultório.

Ele fica localizado no Jardim Paulista em São Paulo, próximo aos bairros: Jardins, Bela Vista, Pinheiros, Higienópolis e Liberdade.

Para entrar em contato, clique aqui ou no símbolo de WhatsApp ao lado.

Conclusão

Neste artigo explicamos as dez principais causas de coceira na vagina.

Este é um sintoma frequente e incômodo que apresenta múltiplas causas.

Espero que vocês tenham gostado do artigo!

Um beijo!

Referências

1)  Evaluation of vaginal complaints. JAMA, 2004.

2)  Manual de Orientação Trato Genital Inferior. Febrasgo, 2010.

3) The Women's EMPOWER Survey: Women's Knowledge and Awareness of Treatment Options for Vulvar and Vaginal Atrophy Remains Inadequate. The journal of sexual medicine, 2017.

Perguntas frequentes

O que fazer quando sua parte íntima está coçando?

Agende uma consulta com a sua ginecologista.

Este sintoma apresenta múltiplas causas que podem variar desde corrimentos, infecções sexualmente transmissíveis, alergias e até higiene incorreta.

Como saber se estou com candidíase ou alergia?

A candidíase e a alergia na região íntima são diferenciadas após o exame ginecológico. 

A ginecologista avaliará a história clínica, exame físico e especular, além da complementação com a bacterioscopia do conteúdo vaginal.

Isto confirmará ou não a presença de fungos como a Candida sp.

Esta análise permite o diagnóstico correto e guia o tratamento com antifúngicos, no caso da candidíase, ou suspensão do agente irritante e antialérgicos, nos quadros de alergia.  

Artigo criado em 21/01/2024 por Dra Camila Bonacordi. 

IMPORTANTE: Somente médicos devidamente habilitados podem diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios. Agende uma consulta para maiores informações.


Texto escrito por:

Dra. Camila Bonacordi
Médica Ginecologista
Especialista em Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva
CRM: 175203 – SP
RQE: 86605
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8912441366082514

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